A importância da rádio e das atividades rádio CB
Questionámo-nos sobre quais seriam as razões que levam as pessoas a possuir um CB e a participar em atividades rádio, nomeadamente em activações, e pensamos que, mais do que pela competição, como sucede nos denominados contestes, a participação em ativações deve-se ao prazer do convívio, ainda que à distância.
Participa-se porque nos faz sentir que fazemos parte de algo, de um grupo de pessoas por quem se tem uma simpatia especial, para marcar presença, para escutar alguns amigos que não se escutam diariamente, pelas mais diversas razões. Claro que é sempre bom receber uma QSL ou um Diploma, mas muitos são os macanudos que participam apenas para marcar presença, num “eu estou aqui”, “eu apoio a vossa iniciativa”, e nem sequer confirmam depois os contactos efetuados. É este o espírito da maioria das actividades CB, sempre gratificante para quem, a troco de nada, as realiza.
É com a satisfação dos participantes que os organizadores se sentem, eles também, satisfeitos e com a sensação de “dever cumprido”.
Por esse motivo se deve insistir e continuar a organizar actividades e ativações amiúde e não deixar o CB cair em marasmo, geralmente difícil de quebrar depois de estabelecido.
Mas se não é possível realizar actividades sem participantes, o contrário também é uma verdade.
Os participantes e os organizadores de actividades CB sentem que passam a fazer parte de um todo, com o mesmo propósito e com o mesmo fim: comunicar. É a comunicação que nos une a todos, o desafio de chegar ao destino, escutar e ser escutado. Por isso somos macanudos, pelo prazer de comunicar e desse modo, conviver, mas sem atropelar os outros, em ameno convívio via “éter”, sem aquela atitude de “a minha estação é melhor que a tua”, “eu consigo abafar os teus QSOs”, e tantas outras atitudes egoístas e de desrespeito pelo próximo com que muitas vezes, nos deparamos.
Para outros a comunicação é ainda, uma necessidade, uma forma de quebrar a rotina e, por vezes, o isolamento e a solidão, seja ela no nosso lar, no nosso trabalho, ou na estrada em QSY de longas distâncias.
Aí o rádio torna-se muitas vezes, o único meio que nos liga aos outros e ao mundo.
É aqui que surge, também, a questão tão falada, sobretudo nos últimos dois anos, das redes de emergência em CB e PMR446.
Mas, em pleno século XXI, época de tantas novas tecnologias, seria de esperar que as mesmas se sobrepusessem ao CB, mas tal não acontece. Se, por vezes não encontramos ninguém no rádio, o certo é que, basta haver uma actividade programada, para aparecerem, saídos do nada e dos seus esconderijos silenciosos, por trás de ecrãs de computador ou telemóveis. É que nada substitui a voz humana. É na entoação que apercebemos quem é verdadeiro e quem não é, nas escutas, nas conversas, nas gargalhadas e risadas, impossíveis de escutar por trás dum ecrã. Além disso, o CB não só permite comunicar com amizades que fazemos ao longo dos meses ou anos, mas também permite que conheçamos pessoas na “vertical” e alarguemos o nosso leque de amigos.
Não é a toa que quando há activações, não raro aparecem outros macanudos no local onde os organizadores se encontram. Vão pelo convívio, para conhecer pessoalmente aqueles que já conhecem via rádio e, por vezes, estabelecem-se fortes laços de amizade que perduram.
Por isso o cebeísta é diferente do rádio-amador, em geral. As conversas são menos técnicas, mais alegres, muitas vezes divertidas, fala-se de tudo e não apenas e somente uma troca de coordenadas com a finalidade de obter uma QSL e mais um contacto. Cremos que é aqui que o CB ganha aos pontos às bandas rádio-amadoras e cada vez se encontram mais rádio-amadores na banda dos 11 metros. Muitos começaram pelo CB, fizeram exame de rádio-amador e acabaram por regressar onde as conversas são mais animadas. Permanecem no CB pela amizade, pelos encontros na vertical, os convívios, os almoços, jantares e piqueniques, as activações mais ou menos longas, onde se encontram uma vez por ano que seja, mas em que parece que foi ontem que se viram pela última vez.
No CB não há tantas regras rígidas a cumprir, é mais acessível a todos, pode-se falar praticamente de tudo, não há pro-formas a seguir, há apenas que ter em conta que se deve respeitar os outros, fazer-se respeitar e ser-se educado e cordial, como seríamos em qualquer outro meio onde conversássemos. Pensamos que estas são as regras básicas de convívio em qualquer sociedade, seja ela via éter ou pessoalmente. Se todos pensarmos que não gostaríamos que falassem com as nossas mães do modo como alguns falam entre si, o CB seria em tudo muito melhor. É, no entanto, ainda uma das poucas bandas em que se percebe que continuam a aparecer novos utilizadores todos os meses, quer pelos preços dos equipamentos, quer pelo facto de actualmente ser uma banda livre.
É acreditando em tudo isto que o Macanudos mantém a sua página do Facebook o mais activa possível, com actividades rádio, artigos e listagens diversas e ainda, os passatempos, tentando manter unidos e interessados, todos quantos quiserem fazer parte do nosso grupo de amigos, e também a página web com artigos de fundo e muito para explorar, não só sobre CB, PMR e comunicações em geral, mas também sobre variadíssimos outros aspectos de interesse geral e que definem a filosofia pela qual a Associação Futuragora se rege.
É este o espírito que tem mantido vivo o Macanudos, baseado na amizade, compreensão e respeito na comunicação, nas suas mais variadas formas, tal como deveria ser sempre. É este, também, o espírito de um bom Macanudo.